Especial Dia de Santa Rita de Cássia : Carta da minha alma para Itu: o útero espiritual que me gerou.
- Paula Carolina
- 22 de mai.
- 3 min de leitura
Eu fiquei levemente conhecida na Internet por ter me mudado para Porto Alegre "na cara e na coragem" por um chamado espiritual que agora eu entendo para o que era: minha filha nasceria lá, mas, mesmo após meu encontro com ela, um amor ainda permanecia.
Voltar para Itu, por conta das enchentes que assolaram aquele Estado e que me traumatizaram a ponto de eu não querer mais morar sozinha com minha filha lá, não foi apenas retornar à cidade em que eu nasci: foi retornar para minhas versões do meu passado, para meus fantasmas pessoais, para o convívio com pessoas desafiadoras que eu evitava, mas, sobretudo foi um retorno ao útero espiritual que me gerou.
Por mais que meu coração ainda seja apaixonado pelo Rio Grande do Sul, especialmente Porto Alegre, foi Itu que me ensinou a respirar pela primeira vez, a ouvir o canto das cigarras, a caminhar por suas igrejas e reconhecer a fé talhada no ar dessa cidade interiorana. E hoje, estou me tornando tão apaixonada quanto, por Itu, diante de tanto aprendizado que tenho passado aqui.
Na enchente que assolou Porto Alegre, quando as águas cobriam histórias e ruas queridas, meu coração se ajoelhou diante de uma imagem que eu tinha em minha casa de lá: Santa Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis. Lembro do meu pedido, de cada lágrima que derramei e da promessa de que ela poderia me levar até onde minha alma queria repousar, pois, eu já não estava aguentando mais. "Vai, minha filha amada. Você sabe onde ir."
Em dois dias arrumei o que me foi possível e parti de lá, levando em meu carro o que nos foi possível.
Sim, de carro: única maneira que havia de sair de lá. Foram mais de 1.000km. dirigindo, até que senti a força dela e de outros amparadores dizendo, comigo na estrada: "Nós vamos te dar um presente agora, apenas confia e não se assusta." Eu me senti expandida, quando, dois minutos depois, sofri um acidente que acabou com meu carro a ponto de dar perda total.
Foi tudo tão sincronizado: Carros parando, minha filha bem, eu apenas com roxos na perna e corte no rosto, mas conseguindo andar normalmente, pessoas nos ajudando, chamando a polícia, a polícia chegando rápido, que, de tanto ler livros espíritas eu confesso que achei que eu tinha morrido.
Sim, o "presente" era esse: um renascimento. Eu aprendi TANTO nesse acidente que ainda não tenho como mensurar nem falar a respeito mas ainda vou. Eu só tenho a agradecer. E, talvez tenha sido o dia que eu mais tenha me sentido amada por pessoas do plano físico e seres extrafísicos.
E, foi assim que Itu me acolheu de volta, mesmo com meu coração em prantos por ver o Estado que eu tanto amo destruído. Aliás, eu clamo todos os dias por sua reconstrução, tanto física quanto espiritual.
Então, em lágrimas, diante do altar com a imagem de Santa Rita na Igreja dela em Itu, eu percebi: retorno não é regressão: é redenção.
E, chorando, eu vi a Egrégora dela me acolhendo e dizendo: "Você tem nossa bênção para trabalhar aqui, conosco, inclusive, a partir de agora. A tua missão não se perde nos caminhos. Seja bem-vinda de volta. O caminho era esse de toda forma." Esse é o motivo pelo qual acendo velas toda semana na Igreja dela.
E, hoje, mesmo conhecida pelos ventos do Sul, honro o chão que me moldou.
Honro Itu, a "Roma Brasileira", o "Berço da República" com suas procissões, seus sinos e esse templo de Santa Rita que sempre me diz: "o amor não tem moradia fixa, mas, a fé sempre encontra um lar."
Voltar à Porto Alegre para morar eu talvez não volte mais. Para onde vou? Eu ainda não sei, deixo os ventos da vida me levar, pois, não sinto que cheguei ao destino final de moradia ainda.
O importante é que Itu, neste momento, é meu lar agora, novamente, e, ainda que Porto Alegre tenha sido aquela relação que acabou não por vontade minha, um amor perdura: leve, doce e sem sofrimento por não estar mais lá.
E eu? Sigo sendo, por alguma razão, ponte entre essas duas terras que tanto amo. Hoje, ambas tem o meu amor, meu carinho, meu respeito e minhas honrarias.
E, a promessa que fiz ao sair de lá, persiste: o que eu puder ajudar o povo gaúcho físico e extrafísico, eu ajudarei. Não à toa, os “Sentinelas dos Pampas Gaúchos” já se apresentaram e falarei sobre eles com vocês em outra ocasião, e, são inclusive patronados justamente por Santa Rita de Cássia.
Com amor divino,
Da ituana com metade da alma gaúcha,
Paula Carolina.
Em 22/05/2025.
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