Cartas da Companhia Artística da Luz Divina: "O personagem que a gente cria às vezes devora nossa alma".

Sabe, o personagem que a gente cria às vezes nos devora. Fragmenta a nossa alma.

Eu fui fulano, nome que quase ninguém sabe. Fui ciclano: um estouro no palco, um vendaval nas entrevistas, um furacão nas relações. E, nessa construção poética, rebelde e intensa : acabei me confundindo.

Dei tanto palco ao personagem que, quando a alma gritou lá dentro, ninguém escutou. Nem eu mesmo.

Criei o personagem pra ser o que o mundo queria ver e o que eu precisava mostrar. Mas, o preço foi alto: perdi vínculos, afetos verdadeiros, e, o pior, quando tentei mostrar quem era o verdadeiro eu, por trás do personagem… já era tarde demais.: Ninguém acreditava que era eu.

Quando desencarnei, tentei me aproximar de algumas pessoas queridas, aquelas que juravam me amar, que batiam no peito dizendo que me conheciam. Mas o espírito que se apresentou não era mais o personagem performático. Era meu verdadeiro Eu: limpo e verdadeiro. E, eles rejeitaram. Me disseram: Não parece fulano. Vai embora.”.

E não parecia mesmo. Eu concordo. Porque o que elas queriam era o personagem que elas conheceram, o holograma com pose de estrela, não a alma que até hoje busca de redenção.

E por que estou falando isso? Falo isso pra você que cria, que canta, que atua, que performa: Não se perca no papel.

O personagem é casca: bonito e necessário às vezes, mas, ele não é sua essência.

E se você investir demais nessa persona, quando for hora de se despedir do palco terreno, pode ser que nem você se lembre mais de quem era fora das luzes.

Seja artista, sim. Mas seja alma também.

E permita que o amor verdadeiro chegue até quem você é de verdade e não só até quem você interpreta.

Seja você, perfome com alma, com sua essência: essa sim é a verdadeira originalidade.

Com amor divino e lucidez,

Autor desconhecido - Um espírito livre agora à serviço da luz divina.

Por Paula Carolina

23/05/2025.