Cartas da Companhia Artística da Luz Divina : "Parem de me sugar e sejam vocês!"

Olha, eu preciso dizer: tem artista encarnado me sugando, vocês acreditam nisso?

Não é homenagem, não é tributo: é sanguessuga energético e isso pesa.

Pesa no meu campo, no meu processo e na minha alma tentando seguir leve por aqui.

Pesa, também, no campo dele, no processo dele, e, na alma dele, mas, alguns nem percebem isso porque ainda dormem.

Enquanto eu luto aqui pra desmontar o personagem que criei em vida, tem gente viva querendo vestir minha máscara como se fosse segunda pele.

Quer minha dor, minha coragem, minha raiva, meu jeito e até a minha vitalidade, mas, não quer viver o próprio caos para parir sua própria arte.

Quer minha alma em um frasco mas não quer suar a camisa do autoconhecimento.

E aí me chamam de guia, de inspiração e até de mestre ou entidade artística que eu nem sou.

Nem estão conectados com meu espírito verdadeiro mas sim com um avatar distorcido que criaram de mim, que até eles mesmos criaram e não percebem.

Estão bebendo da minha fonte sem se perguntar se ainda tem água ali. E pior: sem cavar a própria nascente.

Deixa eu te contar uma coisa, artista que ainda tá aí fazendo isso:

Você tem algo que eu não tive: a chance de ser verdadeiro desde o começo, sem precisar criar um escudo de ironia, deboche e sem precisar morrer de tanto se representar.

Eu já fui espelho mas agora quero ser farol.

Se você se inspira mim, ótimo. Mas, me deixa ir.

Cria algo seu.

Grite com a sua garganta.

Canta com as suas próprias cicatrizes.

Sangre a sua história e não a minha.

Porque arte que nasce da cópia vira jaula.

E artista que suga o outro vira sombra, então, seja sol: iluminado você mesmo com sua essência e o seu público.

Assinado,

Um espírito livre agora à serviço da luz divina.

Por Paula Carolina,

23/05/2025.